É normal ter medo e sentir frio na barriga, ainda mais em uma estréia. Afinal, éramos todos estreantes. Eu, Pedro e Cynthía. Nunca tínhamos realizado um projeto tão grande e com tanta divulgação. O frio na barriga toma conta mesmo! Cheguei cedo e já tinha gente esperando. Parecia não existir peça antes, mas existia. Eu mesmo nem procurei saber o nome, de tão preocupado que estava com a nossa estréia. Eu e Pedro chegamos juntos. Sem querer nos encontramos no meio do caminho. A princípio todo nervosismo que havia dias antes da estréia estava diminuindo. Chegamos. Agora não adiantava mais fugir. Era só esperar e torcer para que tudo desse certo. Eu ia me distraindo com o bate-papo e com a chegada dos convidados. Não havia mais o que fazer, a não ser esperar. Os ruivos do Movimento Vermelho( reunião de ruivos na Cobal do Humaitá para criação do documentário Movimento Vermelho) chegaram. Eu podia ver a felicidade deles em participar de um processo que era só para eles. O tempo ia passando. Atrasamos. O número de convidados passou da lotação do teatro. Teve ruivo barrado. Um erro de comunicação da produção da peça com a produção do teatro levou dois grandes personagens do nosso documentário a esperar um pouco para entrar. Pedimos desculpas. Entraram e riram bastante. No final saíram comendo o bolo de cenoura e Fanta Laranja anunciado pelo Joaquim, no dia da estréia, no segundo caderno do jornal O Globo. Cadeiras lotadas, chão também. Pedro me pareceu à vontade em cena. Não era pra menos, estava fazendo um texto meu e dele para pessoas como ele. Era para dar certo, deu certo, e foi feito para vocês. "Os Ruivos".
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